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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O sargento de Tomar

Ao ouvir sua voz, grave e baixa, Liam sentiu o sangue fercer. Encostou-se num pilar, num canto longe da luminosidade dourada que banhava os cômodos da fortaleza de Tomar, e aguardou até que os noviços saíssem. O próprio D.João ia passar por ele, mas Liam pôs uma mão em seu ombro:

_Irmão _ disse ele quase sussurrante _Tenho um assunto extremamente importante para tratar com sua pessoa. É a respeito daquele templário que ordenou que surrássemos até a morte.

D.João de Trás-os-Montes voltou-se num sobressalto e Liam encostou a ponta da faca no abdomen do sargento, ocultando a arma debaixo da manga longa do hábito. Ele lhe sorriu e seus olhos cintilavam, ansiosos por vingança, jubilosos por aquele momento.

_Lembra-se de mim, irmão?

O sargento ameaçou abrir a boca, mas Liam forçou a faca no abdomen do outro, que estremeceu.

_Não faça barulho; não chame atenção. Você irá me levar agora até o pertence de Lake.

_Não vou levá-lo a lugar algum _ afirmou o sargento entre dentes _Pode fazer o que quiser comigo, mas saiba que não sairá vivo daqui. Como tem coragem para tamanha traição contra a Ordem?

_Não estou traindo a Ordem _ respondeu Liam, resoluto _Você é que está.

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